quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

PEDAGOGIA EMPRESARIAL


O Pedagogo Empresrial (Myrian Glória Greco Rio de Janeiro, 2005.)
Monografia apresentada para conclusão do Curso de Pedagogia Empresarial da Universidade Veiga de Almeida. Orientador: Professor José Luiz de Paiva Bello
"A Pedagogia conta com o pedagogo empresarial dentro da empresa, visando sempre melhorar a qualidade de prestação de serviços. Na atualidade, a empresa tem aberto espaço para que este profissional possa, de maneira consciente e competente, solucionar problemas, formular hipóteses, e elaborar projetos, demonstrando que a sua atuação visa à melhoria dos processos instituídos na empresa, como garantia da qualidade do atendimento aos seus clientes e ao funcionário, contribuir para a instalação da cultura institucional da formação continuada dos empregados, orientar na gestão do melhoramento dos processos. De que maneira o Pedagogo poderá trabalhar seus projetos numa empresa visando sempre a sua melhoria? Esta pesquisa visa a compreender os novos rumos que a Pedagogia Empresarial tem assumido frente aos novos cenários organizacionais delimitados pela globalização. A implementação de treinamentos e desenvolvimento de projetos pressupõe uma nova base para a gestão de pessoas, desenvolvimento e capacidade de renovação da empresa e dos funcionários, a busca do conhecimento, de promover atitudes transformadoras e mobilizadoras, visando a direcionar os negócios da empresa para obtenção da excelência no atendimento às exigências do mercado e da sociedade. Para enfrentar os novos desafios impostos pelo mundo dos negócios nesta virada do milênio, as empresas precisam gerar novas capacidades organizacionais que devem ser decorrentes da redefinição e redistribuição das práticas e funções. Gerentes de linha e profissionais precisam juntos, criar essas novas capacidades, estabelecendo ligações com funcionários, fornecedores e clientes, fortalecendo a capacidade de competir, tendo, como objetivo, analisar a importância do pedagogo e que contribuições poderá acrescentar dentro da empresa. O trabalho será desenvolvido através de pesquisas em artigos, livros e publicações on-line.
ABSTRACT The Pedagogia always counts on pedagogo enterprise inside of the company, aiming at to improve the quality of rendering of services. In the present time, the company has opened space so that this professional can, in conscientious and competent way, to solve problems, to formulate hypotheses, and to elaborate projects, demonstrating that its performance aims at to the improvement of the processes instituted in the company, as guarantee of the quality of the attendance to its customers and the employee, to contribute for the installation of the institucional culture of the continued formation of the employed, to guide the gestures in the improvement of processos. Do that way the Pedagogo will be able to always work its projects in a company aiming at its improvement? This research aims at to understand the new routes that the Enterprise Pedagogia has assumed front to the new organizacionais scenes delimited by the globalization and mundialização. The implementation of training and development of projects estimates a new base for the management of people, development and capacity of renewal of the company and the employees, the search of the knowledge, to promote transforming and mobilizadoras attitudes, aiming at to direct the businesses of the company for attainment of the excellency in the attendance to the requirements of the market and the society. To face the new challenges taxes for the world of the businesses in this turn of the milênio, the companies need to generate new organizacionais capacities that must be decurrent of the redefinition and redistribution of the practical ones and functions. Controlling of line and professionals need together, to create these new capacities, being established linkings with employees, suppliers and customers, fortifying the capacity to compete, having, as objective, to analyze the importance of pedagogo and that contributions will be able to add inside of the company. The work will be developed through research in articles, books and publications on-line. "
O PEDAGOGO Segundo Franco (2002), a docência é uma profissão com identidade e estatuto epistemológico próprios, e que em si, o ensino é uma das manifestações da práxis educativa, definir o pedagogo como professor (e das séries iniciais) é reduzir a potencialidade de sua inserção na práxis educativa. Por outro lado, dizer que enquanto pedagogo ele pode também ser docente das séries iniciais (para o que ele tem que ser formado e preparado, através do conjunto das disciplinas e atividades que compõem o curso, orientadas por docentes de várias áreas que tenham a educação e o ensino como objeto de estudo), significa garantir o único espaço adequado na universidade para a formação dos professores e pesquisadores para esse nível de escolarização (lembrando que o curso normal médio está em extinção e lembrando que onde se faz pesquisa é na universidade). Essas considerações apontam caminhos que poderão orientar a elaboração de diretrizes curriculares nacionais para os cursos de pedagogia que retirem o pedagogo do limbo profissional e identitário em que se encontra. Entendendo que o pedagogo é um profissional que domina determinados saberes, que, em situação, transforma e dá novas configurações a estes saberes e, ao mesmo tempo, assegura a dimensão ética dos saberes que dão suporte à sua práxis no cotidiano do seu trabalho, e que a Pedagogia se aplica ao campo teórico-investigativo da educação e ao campo do trabalho pedagógico que se realiza na práxis social, entendo que, o curso de graduação em Pedagogia forma (deva formar) o Pedagogo com uma formação integrada para atuar na docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, na Educação Infantil e nas disciplinas pedagógicas dos cursos de formação de professores e na gestão dos processos educativos escolares e não-escolares, assim como na produção e difusão do conhecimento do campo educacional (cf. item 2. da proposta de Diretrizes, ForumDir, 2004). A nossa visão, essa proposta de diretrizes, além de avanços construídos pela Comissão de Especialistas , enfrenta, estrategicamente, a importância da formação dos professores das séries iniciais no curso de pedagogia, único espaço em nível superior para se proceder sua formação com a qualidade desejada, entendendo-a como uma das inserções profissionais possíveis dos pedagogos, e entendendo que essa formação não se reduz a sala de aula, mas inclui a gestão das políticas e dos espaços de ensino e aprendizagem, sejam eles escolares ou não. Portanto, implica a formação de um pedagogo da educação infantil (da criança de 0 a 10 anos). Considerando a complexidade dessa educação, admite-se áreas de aprofundamento para uma formação mais voltada para a criança de 0 a 06 anos (Educação Infantil) e para a criança de 07 a 10 anos (séries iniciais do Ensino Fundamental). Portanto, tendo a pedagogia como base para a formação docente. Um curso de pedagogia não dá conta de formar pedagogos para se inserirem em inúmeras áreas de atuação como hoje se constata com as várias modalidades de currículo existente nas universidades e nas demais instituições de ensino superior. Daí se assumir com tranqüilidade o que seria o essencial da formação do pedagogo, o que o identifica epistemológica e profissionalmente em todo o território nacional. Mas vamos também assumir que sua formação se dá com pesquisa que confronta o real e o produzido sobre o real, que aponta possibilidades e perspectivas de transformação da realidade existente, que supere a visão fragmentada dos espaços escolares e não-escolares. Mas assumir que as áreas e demandas específicas, como educação de pessoas com necessidades, educação no campo, de indígenas, para a inserção nas mídias, etc. se faça fora do curso de pedagogia, como aprofundamentos, enriquecimento curricular, especialização, etc., e não no curso em que atualmente se apregoa em preparar o pedagogo em três anos. 2. O PEDAGOGO E A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL Geralmente, o pedagogo tem-se caracterizado como profissional responsável pela docência e especialidades da educação, como: Direção, Supervisão, Coordenação e Orientação Educacional, entre outras atividades específicas da escola. Podemos dizer que, dificilmente, encontra-se o profissional da educação desvinculado da escola propriamente dita, e inserido em outras atividades do mundo do trabalho, como em empresas, ainda que esse trabalho refira-se à educação, mas em uma perspectiva extra-escolar. Ao analisar a estrutura de organização das disciplinas do curso de Pedagogia notamos que não há direcionamento específico para a atuação do pedagogo em empresas, fato esse que dificulta a inserção e conhecimento das possibilidades de atuação desse profissional nos processos produtivos. Por essa razão e, também, porque a escola constitui-se um local de trabalho bastante conhecido dos pedagogos, esses profissionais limitam sua procura a essas instituições. Nesse momento, em que o curso de pedagogia passa por um processo de reestruturação com propostas divergentes de diretrizes curriculares e, também, considerando as modificações ocorridas no processo produtivo, faz-se importante contemplar a possibilidade de atuação desses profissionais em outros setores do mundo do trabalho. 2.1 AS MODIFICAÇÕES E REFLEXOS NA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL Na atual sociedade capitalista, os processos produtivos têm sofrido profundas transformações no que se refere ao modo como está organizada a produção, devido, sobretudo, ao avanço tecnológico, bem como a própria necessidade de manutenção do capitalismo. A qualificação profissional inserida nesse contexto de transformação, por um lado, é alterada e ampliada havendo maior valorização do componente intelectual em detrimento do manual. As exigências do mercado de trabalho apontam para uma maior qualificação e, para tanto, o pedagogo pode contribuir, nesse processo, na qualificação do trabalhador. A qualificação profissional tem sofrido evoluções históricas delineadas pelas diferentes concepções e modos de organizar a produção. Na denominada Segunda Revolução Industrial, a implementação do trabalho nos moldes tayloristas tem como objetivo a racionalização e contenção de desperdícios nos locais de produção, então Taylor desenvolveu técnicas que parcelarizam ao máximo a produção e as atividades exercidas pelos trabalhadores, controlando e cronometrando até mesmos os movimentos exigidos para a realização de tarefas específicas, assim como o tempo destinado a essa realização. Esses métodos e técnicas intensificaram o ritmo do trabalho e aumentaram a rigidez do produto (produto - padrão) e da mão - de - obra destinada a realizar tarefas fixas, repetitivas e monótonas, as quais são controladas por uma rígida supervisão. Nesse modelo o processo de elaboração é realizado por um quadro de especialistas. Gerência científica enquanto os trabalhadores apenas executam da produção em massa o que significa consumo em massa, modificando a forma de reprodução da força de trabalho , a estética do produto e a mercadificação da cultura. (HARVEY, 1992, p.123). Uma grande aplicação de Ford na indústria automobilística foi a utilização da esteira rolante que aliada às operações parceladas, as quais existiam desde a manufatura, contribuiu significativamente na desqualificação do trabalhador, seja por não exigir e inibir qualquer capacidade de pensar, como também por conceber o trabalhador como extensão da máquina aquele trabalhador, antes necessário no processo de montagem era eliminado. Em seu lugar surgia um novo homem cuja função era repetir indefinidamente movimentos padronizados, desprovidos de qualquer conhecimento profissional, que para Ford nada tem de desagradável. (VARGAS, 1987, p.24). A rigidez do fordismo diante a crise do Estado de bem-estar-social emperrou sua hegemonia enquanto sistema de organização do trabalho, apesar de não ter sido excluído da sociedade mundial sua incapacidade de articulação com a sociedade do trabalho deu margem ao aparecimento de um novo modelo denominado por Harvey (1992) de acumulação flexível. Tanto no modelo fordista como no taylorista de produção a falta de autonomia para realizar tarefas parcelarizadas e a utilização preponderante do componente manual faz com que se aprofunde a situação na qual o trabalhador encontra-se expropriado do saber na produção e plenamente desqualificado, executando tarefas possíveis de serem executadas por máquinas. O fenômeno que Harvey denomina de acumulação flexível tem abrangência mais geral na sociedade, mas também, no interior das fábricas configurando novas formas de organizar a produção, geralmente, utilizando maquinários com tecnologia avançada. O acelerado avanço tecnológico, nas últimas décadas, provém das necessidades competitivas e das próprias lutas operárias por melhores condições de trabalho. A tecnologia e o avanço informacional tornam-se condições essenciais para a sobrevivência das empresas, uma vez que ela traz vantagens significativas à produção integrando as modificações na organização de um trabalho menos hierarquizado e voltado para a integração tanto da máquina como dos trabalhadores. Diferentemente do tipo de força de trabalho que se requer na organização taylorista-fordista, os modelos organizacionais como o Just-in-time/Kamban e o Toyotismo, entre outros, inovam modificando a disposição dos meios de produção e a utilização da mão-de-obra. Em ambos os modelos passa-se a requerer do trabalhador um maior potencial intelectual e comportamental, principalmente no que se refere a capacidade de trabalhar em equipe, conhecer a totalidade do processo produtivo, criatividade para propor inovações, capacidade para resolução de problemas, comunicação e expressão, conhecimentos gerais e de idioma, entre outros geralmente não conta com tecnologias ultramodernas como robôs e controle por central de computadores, pois o fracasso ao não atingir ganhos de produtividade deve ser atribuído às antiquadas estruturas organizacionais incapazes de acomodar as novas tecnologias não adianta gastar dinheiro com as novas tecnologias e utilizá-la de maneira antiga. (RIFIKIN, 1996, p. 99). O Just-in-time envolve a produção como um todo: trabalhadores, gerência e fornecedores em uma política de redução de estoques, já que se produz somente o que for solicitado pelo departamento de vendas. Os maquinários encontram-se dispostos em linhas de produção, de modo a racionalizar a produção eliminando os estoques e proporcionando linearidade e continuidade sem quebras no processo. A experiência da indústria automobilística Toyota, embora não se apresente em oposição ao Just-in-time tem-se caracterizado pela implementação de alta tecnologia, aperfeiçoando a exploração do trabalhador e a diminuição da hierarquia na fábrica, além de possuir uma elevada tendência de socialização no trabalho, no qual os engenheiros do chão de fábrica deixam de ter um papel estratégico e a produção é controlada por grupos de trabalho, a empresa investe muito em treinamento, participação e sugestão para melhorar a qualidade e produtividade (ANTUNES, 1995, p.29). Mesmo que a flexibilização do trabalho se refira a um número mínimo de trabalhadores, geralmente temporários e sub-contratados, controlados por horas extras como demonstra Antunes (1995), há o investimento em equipes de funcionários, as quais são responsáveis por estudarem melhores procedimentos e elaborarem programas de execução juntamente com o engenheiro no chão de fábrica, além de executar a produção respondendo a imprevisibilidades e opinando sobre o produto final. Podemos perceber que, além da flexibilização nas relações de trabalho, as empresas para garantir a competitividade no mercado global, como demonstra Market (1999, p.149), têm implementado modelos de produção que permitem maior flexibilização na produção de bens, baseado na demanda pelos clientes. Essa tendência de focalizar o cliente ou regular a produção da empresa pelo departamento de vendas exige uma organização diferenciada da empresa, ou seja, para se atingir uma produção mais flexível e voltada para a clientela há a exigência de uma estruturação realizada de maneira mais integrada, como cita Market (1999), estabelecendo comunicações entre o departamento de planejamento da produção, administrativo e de vendas. Sendo assim, as necessidades organizacionais da empresa voltam-se para a qualificação dos seus quadros profissionais , a fim de que eles captem e implementem as modificações rapidamente. Ao mesmo tempo que a implementação tecnológica altera a prática produtiva tanto na diminuição da hierarquia, como na necessidade de um profissional mais polivalente, ela também funciona como divisor de águas. Entre aqueles profissionais desprovidos do mínimo de escolaridade e aqueles que possuem nível de formação institucional e técnico, os quais necessitam de maior qualificação para controlar, interferir e articular essas novas tecnologias dentro das situações concretas de produção. As relações que se estabelecem no âmbito da sociedade capitalista são marcadas pela contradição, como ocorre com o fenômeno da reestruturação produtiva. A implementação tecnológica possui uma dimensão perversa principalmente nos países pobres e a exclusão recai sobre uma considerável parcela dos trabalhadores, em geral, daquela que possui baixa escolaridade e pouco conhecimento técnico, obtendo qualificação basicamente nos moldes da organização taylorista/fordista. Ainda que a qualificação mais ampla dos trabalhadores não ocorra de forma homogênea, podemos dizer que uma categoria dos profissionais parece ser privilegiada com as modificações tecnológicas, especialmente no que se refere a aproximação dos técnicos aos quadros como podemos observar na abordagem de Lojkine (1990) ao dizer que a ruptura brutal existente entre a gerência que pensa e planeja e o operário que simplesmente executa tarefas, sem poder de interferência, está propensa a diluir-se. Nessa diluição, o homem passa a exercer o papel de protagonista do trabalho que realiza, não apenas alimentando a máquina, contudo a controlando em todo seu percurso, da concepção ao produto final. Na perspectiva de Lojkine e Shaff (LOJKINE, 1990, p.17; SHAFF, 1990, p.3) há um progressivo desaparecimento do trabalho manual, fazendo com que o homem cada vez mais incumba-se da realização de um trabalho com um potencial criativo, deixando de executar tarefas possíveis de serem executadas por máquinas. À medida que para trabalhar o trabalhador precisa de mais conhecimento, conseqüentemente ele se torna capaz de compreender o processo produtivo como um todo, então a secular diferença entre trabalho manual e intelectual, agora, aproxima-se de um trabalho de certa forma mais cooperativo e criativo. No momento em que o componente intelectual do profissional é mais valorizado, esse profissional adquire maior autonomia na realização do seu trabalho que não se limita à execução, mas a capacidade de elaboração. Os profissionais com maior autonomia favorecem a cooperação entre categorias profissionais no interior da fábrica já que necessitam discutir, trocar idéias sobre o trabalho para estabelecer diretrizes conjuntas para aplicar na produção. Essa cooperação entendida enquanto troca de conhecimentos teórico e prático dá-se no estreitamento entre engenheiro e os demais quadros de profissionais (os técnicos) e ambos têm de dialogar entre si, trocar experiência da prática do trabalho subsidiada de conhecimento teórico das atividades que realizam. As novas formas de organização do trabalho parecem requerer o trabalhador com potencial mais criativo e participativo, já que as equipes de trabalho propõem inovações, soluções aos problemas que surgem e a tendência é se incumbir cada vez mais de responsabilidades que requerem um certo desenvolvimento intelectual, sendo assim, (...) o trabalhador criativo deve nutrir-se contínua e ferozmente de sensações e noções para implementá-las na produção, para isso deve ler, viajar, ouvir, ou seja, aguçar alimentar e aguçar de todas as formas possíveis a sua capacidade de conhecer (DE MASI; MENICONI, 1999, p. 200)