Þ As crianças com alguma
incapacidade apresentam mais problemas do que as outras para construir um auto-conceito
adequado. Esses indivíduos apresentam níveis mais baixos de auto-estima em
geral.
Þ Isso se deve à não
aquisição pelo indivíduo de sua auto-afirmação, que o leva à não aceitação de
suas limitações e à subvalorização, daí a necessidade de existir diante dos
“outros significativos” tal como se é, sendo aceito e valorizado pelo fato de
ser pessoa. Essa constitui a melhor forma de compensar suas próprias
limitações.
Þ Junto com a necessidade
de existir (necessidade central da pessoa) está a de ser reconhecida “no que é”
e reconhecida “no que tenta conseguir ser”. Essa necessidade é vivida pelo
indivíduo apenas em relação às pessoas a que dá importância (pai, mãe, etc.).
Þ Se a pessoa, quando
criança, é reconhecida em seu direito de existir pelos “outros significativos”
(pessoas que são importantes para ela), então seu crescimento vai bem. Essas
relações a beneficiam e ajudam. Dão vida a ela. No entanto, às vezes, a ferida
da criança não é produzida pelos pais ou por outras pessoas significativas pode
ser um ambiente, um meio que cria um clima de opressão e a impede de viver
(meio social, religioso, educacional...) e, por vezes, a sociedade inteira,
tudo aquilo que o indivíduo percebe dela... Mas a pessoa também precisa de
expressões de ternura para se sentir reconhecida no coração de si mesma.
Þ É importante que não haja
mudanças frequentes de professores, grupos de colegas, vizinhos, etc., pois
essas mudanças podem impedir o desenvolvimento de grupos estáveis de
referência. Em pesquisas realizadas foi possível encontrar nos alunos “móveis”
um nível baixo de convicção em relação a si mesmos: não estavam seguros do
afeto de seus pais, se davam pouco valor como amigos e duvidavam de seu êxito
ao sair da escola. Em geral, as fontes mutáveis de autoafirmação deixam a
criança “móvel” atrapalhada e incapaz de enfrentar a tarefa de fazer
julgamentos sobre si mesma. O grupo de colegas tem um impacto enorme no núcleo
dessas atitudes para consigo mesmo.
Þ E quando a pessoa,
principalmente durante a infância, não é reconhecida, pode ser criada a ferida.
As causas, entre outras, podem ser:
·
Por não ser vista em sua própria identidade, o que poderíamos chamar de
coração de si mesma. Talvez fisicamente não falte nada a ela, mas sua
identidade profunda nem suas necessidades essenciais foram satisfeitas.
·
Por não ser escutada quando comunica sua própria essência, o que
considera “essencial”, isto é: o que abala sua verdade, aquilo do que está
certa; o amor que experimenta por determinadas pessoas pode existir e ocupar
pouco a pouco seu lugar; o que abala sua vocação profunda, um agir que leva
muito a sério; etc. Ainda que a pessoa possa desde os primeiros anos ser
rejeitada em seu direito de existir, não se dá facilmente por vencida.
Þ Quando ocorre um
fracasso, entra em uma dúvida profunda sobre sua capacidade de ser reconhecida,
estimada e amada, formando então uma linguagem muito negativa de si. Naquelas
pessoas que conseguem êxito em sua fuga para frente, a imagem negativa é vivida
como marginalidade da imagem supervalorizada de si mesma que gosta de manter.
Þ Quando a fachada de
solidez desaparece, surgem as depressões, as reações exageradas e repetitivas
para acontecimentos, situações, pressões, etc. Tudo isso acontece porque nos
primeiros anos de vida da pessoa foram sendo fixadas determinadas realidade e
necessidades. Daí a importância do educador (pai, mãe, professor...) ter
consciência do quão importante é e das possíveis implicações que pode ter na
vida da pessoa, pois, disso dependerá em grande parte a felicidade desta no
futuro.
Þ Acredito que pouco
importa como a pessoa nasce; o que mais nos deveria preocupar é o que estamos
fazendo ao intervir nessa pessoa que temos em nossas mãos, em sua formação,
etc. O importante é prepará-la para que seja no futuro um/a homem/mulher, e
isso só poderemos conseguir se, além de satisfazermos a necessidade de existir,
preenchermos a de ser reconhecido (a) “no que é” e “no que tenta conseguir
ser”.
Þ Que descubra sua
identidade, descubra sua consciência profunda e viva assim, para que haja
harmonia em sua pessoa, um eixo, uma coluna vertebral! Será pessoa e irá tirar
do meio tudo o que a impede de ser ela mesma e será capaz, muito em breve, de
responder as perguntas “quem sou eu?”, “para que fui feito (a)?”, “com que
pessoa?”, “minha vida tem sentido”.
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cícera maria
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