Precisamos estar atentos ao que
acontece ao nosso redor e isso inclui acompanhar noticias a respeito do que
ocorre na política. Nós vivemos num mundo em que tudo é ligado como redes
intermináveis de relacionamentos e tudo que acontece em uma parte, acaba de
alguma forma influenciando outra parte. É natural, é assim na natureza; se as
geleiras que ficam lá nos polos começam a derreter, a consequencia imediata será
o aumento de volume de água nos mares, rios, lagoas e lagos e isso pode causar
enchentes, com a destruição em primeiro momento das cidades próximas ao litoral,
a beira de rios, lagoas e... Bom, por aí dar para se ter uma ideia de como tudo
estar interligado e é assim com a política. O que essas pessoas fazem lá nos
plenários, essas pessoas que você, eu, nós colocamos lá por meio de votos; o que
elas fazem nos traz consequencias.
Se eles resolvem aumentar a cobrança
de impostos dos agricultores, estes ficam com problemas de pagar, não conseguem
plantar e a produção de alimento cai, a consequencia será a falta de ofertas no
mercado. A procura aumenta e não a oferta, ou seja, "a lei da oferta e da
procura", se não ha equilíbrio, os preços aumentam e há mais retiradas do banco
e... Mais uma vez, o círculo recomeça.
Temos que estar atentos, não pensando
só nos prejuízos, mas nos lucros também. Um povo mais informado, que adquire
mais conhecimentos têm mais poder. Será que um dia esse povo brasileiro vai dar
valor ao conhecimento, aos estudos tanto quanto for necessário para não deixar
se levar por pessoas como estes políticos populistas, que estão ainda no
poder?
Veja a notícia
abaixo:
Domingo,
24 de Junho de 2012
| ISSN 1519-7670 - Ano 16 - nº 699
MÍDIA, POLÍTICA E JUDICIÁRIO
Reflexões sobre a conjuntura
política
Por Marlos Mello em 19/06/2012 na
edição 699
O país ganhou um novo personagem
desde a divulgação da prisão de Carlinhos Cachoeira. Mas ao contrário das
novelas e filmes, onde os personagens são fictícios e apenas ocupam o imaginário
social das pessoas por um tempo, na vida cotidiana, em tese, deveria ser
diferente. Partindo de algumas questões principais queremos refletir sobre a
conjuntura política brasileira. As perguntas que motivam essa reflexão são as
seguintes: há um desencantamento com a política? O que “move” a política no
Brasil? Mídia e política ou mídia e judiciário?
No Brasil, de acordo com os últimos
acontecimentos políticos, há uma tendência a acreditarmos que toda a
midiatização do caso Cachoeira não resultará em nenhuma ação prática por parte
dos órgãos responsáveis pelo controle e fiscalização da gestão dos bens
públicos. Esse é um fenômeno que tem sido chamado de desencantamento com a
política. Sinceramente, não creio que vivamos uma era de desencantamentos com a
política. O que talvez estejamos presenciando é a naturalização da política
calcada nas aparências, na onda do vem quem quer, das práticas viciosas de quem
já se acostumou a ter o poder nas mãos e acha que pode fazer o que bem entender
e ainda se irritar se alguém ousar questionar.
Na minha opinião, há um processo
contínuo de liquidação de julgamentos que partem do desvairamento de certos
políticos que se juntam a autoridades do poder judiciário, catedráticos de
universidades, apresentadores e comentaristas de política e formam uma estranha
e poderosa classe de figuras soberbas e tendenciosas que no mundo político, mais
do que na vida cotidiana, expressam uma covardia íntima. Trata-se do maior dos
males: o conformismo, que é a forma mais vulgar de covardia.
Dispersão da
ética
Para certos políticos, juízes,
catedráticos, apresentadores e comentaristas, a regra é ser conivente com o
determinismo do capitalismo. Para esses, julgar o que é melhor para alguns às
custas de todos é muito fácil, pois é nesse processo que os seres humanos são
transformados em meros espantalhos determinados por condições materiais
inexoráveis. Daí, a base das políticas neoliberais: nada pode atrapalhar o
crescimento econômico.
Atualmente a ordem natural da
política brasileira é induzir por deduzir a fim de concluir. Porém, o verdadeiro
“motor” da desconstrução de valores éticos e morais é o capitalismo moderno, ou
seja, a lógica da competição que capturou até os que se diziam incapturáveis ou,
possivelmente, disfarçavam muito bem.
Mas há mais do que isso; e
gostaríamos de frisar essa parte do texto.
A desconstrução dos valores éticos
na política brasileira não foi somente obra dos políticos, embora esses também
tenham participado do ataque à democracia. Mas já é tempo de sermos claros e
reais em nossos posicionamentos: a dispersão da ética, a competição desenfreada
e a soberba de certos políticos está associada à materialização de como a atual
política brasileira foi se construindo teoricamente nos laboratórios e
departamentos das universidades, nas reuniões promovidas pelos “chefões” do
capitalismo burguês e nos porões dos jornais que foram criados para sustentar a
opinião dos abastados.
Relação mídia e
política
No Brasil, a soberania política
está associada/comprometida a um conceito acadêmico e não com a convicção
política, ou seja, com a defesa do bem comum, principalmente, no resguardo dos
direitos individuais à vida e ao prazer.
A materialização da política está
associada a uma questão teórica, e não prática. A formação de políticos tem
permanecido alheia à gestão pública e ao debate orgânico sobre os sistemas de
estruturação gerencial. Essa contradição entre a formação política e a prática
tem se mostrado absolutamente impermeável ao controle social, que deveria ser a
“espinha dorsal” do modelo oficial brasileiro registrado na Constituição de
1988. Justamente o modo como se estruturam e são gerenciados os partidos
políticos configuram um dos grandes “nós” das mudanças que se espera numa
possível e necessária reforma política.
As movimentações de proporções
bíblicas de como se formam as figuras míticas da política brasileira aparecem
estampadas nas manchetes de jornais e revistas. Para os telespectadores de
estômago forte há os canais que foram criados para reproduzir as sessões do
parlamento e a própria “CPMI do Cachoeira”, que tem funcionado como uma espécie
de vitrine dos políticos dedicados à atividade de provar que estão fazendo mais
e roubando menos; uma aventura interessante baseada num princípio malufista:
“rouba, todavia, contudo, mas faz”.
A relação mídia e política têm se
pautado na proposta da oferta e da procura, mas isso não é de hoje. Há vários
relatos em livros e em estudos consagrados que mostram a promiscuidade da
relação entre os barões da mídia e os políticos, isto é, quando estes não são os
mesmos barões da mídia.
Os agravantes da
CPMI
Mas há um fato novo que tem se
destacado e pode ser analisado: aparentemente, os barões da mídia estão num
profundo “namoro” com a instância judiciária e é dessa relação que tem surgido
uma sucessão de mudanças na busca por acomodar as novas forças que se
constituem. Com a maioria dos políticos desmoralizados pelos escândalos, toma
impulso a onda de denuncismo e oportunismo daqueles que controlam com base no
poder da informação.
Retornando à pergunta original:
mídia e política ou mídia e judiciário? Com o descrédito da política, cresce a
imagem do poder judiciário. Antes, as notícias em relação ao terceiro poder eram
mera falta de assunto e os ministros do STF nem eram conhecidos. Mas atualmente
a coisa tem sido diferente. Sem dúvida, a instância jurídica (ministros, juízes,
procuradores, promotores etc.) ganhou um espaço de visibilidade importante, o
que justifica a tese de que os barões da mídia agora andam de mãos dadas com o
judiciário. Mas há agravantes nisso tudo; primeiro, o tão aguardado julgamento
do “mensalão” e, segundo, a “CPMI do Cachoeira” que corre
solta.
Entre as múltiplas realidades da
“CPMI do Cachoeira” há uma que se destaca: Cachoeira, que falou muito nas
gravações telefônicas, hoje está tímido e quase não fala. Os abastecidos por
esse grande esquema de corrupção que envolveu vários personagens das mais
diferentes cúpulas e das mais diversas personalidades expressam um silêncio
atroz que chama a atenção.
Um período para reflexão e
debate
A casa de Cachoeira não era um
comitê de campanha. Era uma extensão das suas empresas. Mas ali já estavam
trabalhando dezenas de profissionais das mais diversas especialidades, cada qual
recrutado de uma forma diferente, tanto advindo de uma contratação da esfera
privada quanto da pública. São provas de que para a corrupção não há
limites.
Nesse lento e assíduo trabalho de
decomposição social da política brasileira tem cabido infelizmente a população a
pior parte. A moralidade deixara de guiar-se por princípios isentos de
interesses particulares. A virtude não é mais referendada pelo bom gerenciamento
da coisa pública, mas pelo cálculo do que é lucrativo aos negócios próprios.
Nessa conjuntura, por enquanto, nenhum político recebe de bom grado a fama de
corrupto e um sentimento de nostalgia impregna a tão sofrida política
brasileira, mas queremos crer que a “angústia” gerada pela decomposição dessa
política não seja motivo para tratar a CPMI como um mero infortúnio da
contemporaneidade.
Nesse perambular em busca de
referências para escrever este artigo, encontramos Kant, que em 1783 sustentou a
ideia de que é cômodo para a maioria das pessoas permanecer na situação em que
estão e atribuir aos outros a direção de suas vidas. Apesar de clássica, a
afirmação de Kant não é por acaso, pois ela nos provoca a sair da mesquinha
contemporaneidade e, nesse período que nos coube viver, é fundamental
adquirirmos força para enfrentar os desafios da política brasileira, que se
encontra conformada ao modelo burguês, que é sempre acompanhado da constatação
da impossibilidade de se superar a lógica do mercado.
Encerramos este artigo sem ter uma
conclusão a apresentar, mas acreditamos que está se abrindo um período
importante para a reflexão e o debate entre aqueles que persistem no caminho da
transformação social.
***
[Marlos Mello é psicólogo, Porto
Alegre, RS]
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Cícera Maria