Sobre atrasos e responsabilidade
Outro dia fui a uma escola para uma reunião com os professores ao final do período da aula e cheguei perto das 18 horas. Por todo o espaço escolar, havia crianças correndo, gritando, conversando, jogando, brincando, desde as da educação infantil (com menos de seis anos) até as que freqüentam as séries iniciais do ensino fundamental.
Como as aulas já haviam terminado, perguntei por que as crianças permaneciam lá. A diretora me respondeu que muitos pais se atrasam para buscá-las e, por isso, a escola permanece aberta até que o último aluno seja levado para casa. Ela disse, inclusive, que isso pode ocorrer perto das 19 horas. Para uma escola que finaliza as aulas às 17h45, é muito tempo.
Resolvi fazer uma pesquisa rápida com amigos e colegas que trabalham em escolas e todos repetiram a mesma coisa: muitos pais costumam se atrasar para buscar os filhos, e esses atrasos variam de 15 minutos a uma hora. Conhecedoras da situação, algumas escolas até fazem contratos à parte com os pais e cobram por esse período.
Se essa é uma boa saída para a escola, que pode, desse modo, remunerar funcionários especificamente para essa tarefa afinal, as crianças não podem ficar sozinhas nesse período , não o é para os alunos.
Uma criança não tem a mesma noção de tempo do adulto. Para ela, o tempo cronológico do relógio não tem muito significado. O decorrer do dia, para a criança com menos de seis anos, é compreendido a partir das experiências que ela vive.
Desse modo, ela entende que, terminado o tempo de estar na escola, acaba o período de ficar separada de seus pais ou de sua casa, que os representa nesse momento. Isso quer dizer que um atraso de 15 minutos, se não faz muita diferença para o adulto, para a criança o faz. Faz parte da rotina escolar o fechamento do dia para que o aluno se organize e se prepare para a mudança de experiência, e isso acontece no horário combinado. A partir desse momento, a criança espera por seus pais ou responsáveis porque sabe que, depois da escola, é hora de encontrá-los e ir para casa.
Quando eles demoram, mesmo que por alguns minutos, a criança se ressente. Tem receio de ficar desamparada, sente-se solitária já que o grupo com o qual se identifica foi desfeito e experimenta o isolamento, mesmo que ao lado de vários colegas cujos pais são, igualmente, retardatários. Nessa idade, a criança não entende o que é atraso nem os motivos que podem provocar isso na vida de um adulto e, por isso, interpreta que foi abandonada.
Para os alunos mais velhos, que já dominam um pouco mais o tempo cronológico, o atraso dos pais é também problemático, já que eles relacionam a demora com o fato de não serem uma prioridade.
E por que os pais se atrasam para esse compromisso tão sério? Em primeiro lugar, vivemos numa cultura que não dá muita importância à pontualidade. Atrasos são sempre tolerados e até previstos em quase todas as atividades. Em segundo, porque o trabalho exige cada vez mais das pessoas, e elas se comprometem cada vez mais com essa parte de suas vidas. Entretanto, quem tem filho precisa encarar as mudanças que isso provoca na vida de homens e mulheres e se programar para dar conta de compromisso tão importante.
Claro que imprevistos ocorrem na vida de qualquer um, mas quem tem filhos precisa contar com essa possibilidade e se organizar para que alguém o substitua nesses momentos. O que não pode acontecer é o que tem ocorrido: atrasos sistemáticos dos pais. Ora, isso é não assumir o devido compromisso com o filho e com o papel de mãe e de pai. Imprevisto nenhum justifica essa situação.
Como as aulas já haviam terminado, perguntei por que as crianças permaneciam lá. A diretora me respondeu que muitos pais se atrasam para buscá-las e, por isso, a escola permanece aberta até que o último aluno seja levado para casa. Ela disse, inclusive, que isso pode ocorrer perto das 19 horas. Para uma escola que finaliza as aulas às 17h45, é muito tempo.
Resolvi fazer uma pesquisa rápida com amigos e colegas que trabalham em escolas e todos repetiram a mesma coisa: muitos pais costumam se atrasar para buscar os filhos, e esses atrasos variam de 15 minutos a uma hora. Conhecedoras da situação, algumas escolas até fazem contratos à parte com os pais e cobram por esse período.
Se essa é uma boa saída para a escola, que pode, desse modo, remunerar funcionários especificamente para essa tarefa afinal, as crianças não podem ficar sozinhas nesse período , não o é para os alunos.
Uma criança não tem a mesma noção de tempo do adulto. Para ela, o tempo cronológico do relógio não tem muito significado. O decorrer do dia, para a criança com menos de seis anos, é compreendido a partir das experiências que ela vive.
Desse modo, ela entende que, terminado o tempo de estar na escola, acaba o período de ficar separada de seus pais ou de sua casa, que os representa nesse momento. Isso quer dizer que um atraso de 15 minutos, se não faz muita diferença para o adulto, para a criança o faz. Faz parte da rotina escolar o fechamento do dia para que o aluno se organize e se prepare para a mudança de experiência, e isso acontece no horário combinado. A partir desse momento, a criança espera por seus pais ou responsáveis porque sabe que, depois da escola, é hora de encontrá-los e ir para casa.
Quando eles demoram, mesmo que por alguns minutos, a criança se ressente. Tem receio de ficar desamparada, sente-se solitária já que o grupo com o qual se identifica foi desfeito e experimenta o isolamento, mesmo que ao lado de vários colegas cujos pais são, igualmente, retardatários. Nessa idade, a criança não entende o que é atraso nem os motivos que podem provocar isso na vida de um adulto e, por isso, interpreta que foi abandonada.
Para os alunos mais velhos, que já dominam um pouco mais o tempo cronológico, o atraso dos pais é também problemático, já que eles relacionam a demora com o fato de não serem uma prioridade.
E por que os pais se atrasam para esse compromisso tão sério? Em primeiro lugar, vivemos numa cultura que não dá muita importância à pontualidade. Atrasos são sempre tolerados e até previstos em quase todas as atividades. Em segundo, porque o trabalho exige cada vez mais das pessoas, e elas se comprometem cada vez mais com essa parte de suas vidas. Entretanto, quem tem filho precisa encarar as mudanças que isso provoca na vida de homens e mulheres e se programar para dar conta de compromisso tão importante.
Claro que imprevistos ocorrem na vida de qualquer um, mas quem tem filhos precisa contar com essa possibilidade e se organizar para que alguém o substitua nesses momentos. O que não pode acontecer é o que tem ocorrido: atrasos sistemáticos dos pais. Ora, isso é não assumir o devido compromisso com o filho e com o papel de mãe e de pai. Imprevisto nenhum justifica essa situação.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de Como Educar Meu Filho? (ed. Publifolha)
FONTE: http://www.nossainfancia.com.br/reflexoes.php?qual=1
Cícera Maria
Pedagoga & Psicopedagoga
FONTE: http://www.nossainfancia.com.br/reflexoes.php?qual=1
Cícera Maria
Pedagoga & Psicopedagoga
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