Já falei aqui sobre
essa doença que acomete as pessoas e ainda não se sabe por que ou como
acontece, apenas que vai destruindo os neurônios, a parte do cérebro que
controla a memória, controla todas as ações básicas. A pessoa começa cometendo
pequenos deslizes de memória, esquecendo uma coisa aqui, outra ali. A princípio
sem muita consequência, muitas vezes até rende umas risadas. Mas esta situação
vai piorando e as pessoas vão se esquecendo, do nome de alguém que muito ama,
do rosto dela, se esquece se já tomou banho, se já comeu, onde está. O triste é
que a própria pessoa percebe quando isso começa a atrapalhar sua vida e fica
assustada, mas triste ainda é que aqueles que a rodeiam se no início achava
graça, geralmente fica chateada, sem paciência e não aceita que ela esteja
assim. Como muitas vezes essa situação começa transitórias, com momentos em que
parece que está tudo bem seguido de outros completamente estranhos, há algumas
brigas, não por parte de quem sofre da doença, mas de quem a rodeia impaciente
brigando dizendo coisas como: “Pare com isso! Você sabe muito bem o que está
fazendo, só quer me aborrecer!” e muitas coisas que na verdade só reflete o
medo dela em relação a tudo que está presenciando.
Aos poucos a pessoa
acometida desta doença praticamente some dentro de si, é como se morresse sem
morrer.
Esta carta abaixo é
de uma mãe para sua filha. Ela está sendo acometida pela doença e demonstra que
sabe disso e sabe o que virá pela frente, mas não pode impedir e teme o
sofrimento e o medo da filha...
***
Carta de uma mãe com
Alzheimer para sua filha
Querida filha, escute com atenção o que tenho para
falar. O dia que esta doença se apoderar totalmente de mim e eu não for mais a
mesma, tenha paciência e me compreenda. Quando eu derrubar comida sobre minha
roupa e esquecer como calçar meus sapatos, não perca sua paciência. Lembre-se
das horas que passei lhe ensinado essas mesmas coisas. Se ao conversar com você
repito as mesmas palavras e você já sabe o final da historia, não me interrompa
e me escuta. Quando era pequena tive que contar-lhe mil vezes a mesma historia
para que você dormisse. Quando fizer minhas necessidades em mim, não sinta
vergonha nem fique brava, pois não posso controlar-me. Pense em quantas vezes,
quando era uma menina, te limpei e te ajudei quando você também não podia
controlar-se. Não se sinta triste ao me ver assim. É possível que eu já não
entenda suas palavras, mas sempre entenderei seus abraços, seus carinhos e seus
beijos.
Te desejo o melhor para sua vida com todo o meu coração.
Sua mãe.
Cícera Maria
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